Os assentos indígenas ampliam o conceito de função para a dimensão simbólica. Ao mesmo tempo que preservam entre o povo que os cria a simultaneidade da dimensão cosmológica e ritual com o uso cotidiano e banal, se inserem nas sociedades não-indígenas como objetos de arte e design. Esculpidos sempre a partir de um único tronco de madeira, sem juntas ou emendas, assumem a forma de animais da fauna brasileira, entidades míticas e formas geométricas; decorados com grafismos e entalhes, num universo de expressões visuais que muitas vezes se revela através dos sonhos e transes, apresentam uma variedade que reflete a diversidade e a identidade de cada povo indígena. Trata-se de uma produção majoritariamente contemporânea, que nos revela a manutenção da tradição e o potencial criativo de seus autores.
A coleção BEI˜ abrange mais de 500 bancos oriundos de povos de diferentes regiões: Alto e Baixo Xingu, sul da Amazônia/Centro-Oeste, norte do Pará e Guianas e noroeste amazônico. A parceria com o Museu de Arte Indígena, que agora abriga em comodato parte desta coleção, representa uma oportunidade para abrir novos horizontes de reflexão sobre as complexas inter-relações entre as artes tradicionais e a cultura contemporânea.